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Internet e Empreendedorismo no Terceiro Milênio

Oito em cada 10 brasileiros “economicamente ativos” também são “digitalmente ativos”.

Autor: Roberto Dias DuarteFonte: Revista Incorporativa

Temos 79,9 milhões de internautas no Brasil, conforme dados do Ibope NetRatings. Na prática, 41% da população já participam do mundo digital. Pouco, poderiam afirmar alguns. Mas considerando que a População Economicamente Ativa (PEA) do nosso país é composta por 100 milhões de pessoas, a coisa muda de figura. Oito em cada 10 brasileiros “economicamente ativos” também são “digitalmente ativos”.

Outro fato muito importante a ser analisado é a evolução do crescimento de domicílios com acesso à Internet. De 2008 a 2011, a classe A saiu de 91% para 96%, conforme pesquisa do Comitê Gestor da Internet (CGI.BR). A classe B, de 58% para 76%, no mesmo período. Já a classe C mais que dobrou a quantidade de residências com acesso à rede mundial. Saiu de 16% em 2008 para 35% em 2011. Esta alta taxa de crescimento da inclusão digital da nova classe média brasileira traz consequências importantes para a economia digital e, sobretudo, para economia real.

Além disso, passamos 69 horas por mês conectados (Nielsen/Netratings), ou seja, 2h20 por dia, em média. Ainda longe das 5h28 por dia que dispendemos assistindo TV. Mas há uma grande diferença comportamental entre assistir TV e interagir na Internet.

Estes números são sintomáticos. Retratam um momento de ruptura, de destruição criativa. O economista austríaco Joseph Schumpeter, em 1942, popularizou o conceito de inovação como força empreendedora para destruição de velhos modelos e criação de novos negóci.

A rápida introdução da nova classe média no mundo digital, considerada mola propulsora da economia brasileira, aliada à interatividade nativa desta realidade virtual, está ameaçando muitos negócios tradicionais. Certamente, também cria gigantescas oportunidades para o empreendedorismo inovador.

Os números do faturamento do comércio eletrônico comprovam esta tendência. Em 10 anos, as vendas anuais saíram de R$ 540 milhões (2001) para R$ 18,7 bilhões em 2011 (e-Bit). Estudos recentes do Forrester Research apontam que o varejo on-line atingirá a marca de US$ 25 bilhões até 2017. Mais que o dobro do atual.

E mais: 32 milhões de brasileiros compraram pela Internet em 2011 (e-Bit), sendo que 9 milhões o fizeram pela primeira vez. Cerca de 30% dos internautas realizaram transações de e-commerce no ano passado. Quase 60% pesquisaram por produtos, serviços e preços.

Um estudo sobre o “neoconsumidor” brasileiro (GS&MD – Gouvêa de Souza) descobriu que 84% dos internautas pesquisam na Web antes de comprar na loja e que 81% dos chamados e-shoppers comparam preços antes de comprar.

O mais impressionante é que esta pesquisa apontou que 57% acreditam que “lojas sem website não existirão”.

Contudo, engana-se quem acredita que a decisão de compra é baseada somente no preço. A comodidade, variedade, segurança, diversidade de formas de pagamento e conteúdo são fatores que, além do preço, influenciam no processo de compra on-line.

Justamente este é o ponto de ruptura. Até então, os gigantes do varejo on-line no Brasil apresentaram estratégias similares. Em geral, competem por preço, têm lojas digitais muito parecidas, produtos e preços similares. Oferecem o “basicão”: livros, eletrônicos, eletrodomésticos, produtos de saúde e beleza, moda e acessórios. Os canais eletrônicos acabam sendo uma cópia de suas lojas físicas. Atendimento e entregas ficam a desejar. Muitas vezes são flagradas desrespeitando as leis que regulamentam o consumo.

Estes ainda pensam em um mundo de mão única. Da passividade da propaganda na TV. Da “melhor oferta”. Seus anúncios são os mesmos da década de 1970, sejam eles divulgados na TV, rádio, jornal ou internet. O uso de redes sociais é unilateral.

Por outro lado, uma gigantesca janela de oportunidades está aberta para novos empreendedores que podem utilizar o potencial de relacionamento massificado, porém personalizado com os consumidores através das redes sociais.

Já há belíssimos casos de empresas que deslocaram o foco do produto para o cliente, oferecendo conteúdo de qualidade para determinados nichos. A partir deste conteúdo, tais empresas relacionam-se com seu público desenvolvendo fãs e, em no momento oportuno, passam a ofertar produtos do interesse desses consumidores. Assim, eles deixam a competição por preço para aqueles que não têm mais nada a oferecer.

Por isso tudo a história da economia digital no Brasil está apenas começando. Ainda não há vencedores definidos. E, sobretudo, as oportunidades de sucesso estão ao alcance de todos, sejam pequenos, médios e grandes, de empreendedores das grandes capitais ou de pequenos municípios do interior. O que importa mesmo é o uso do potencial criativo e inovador do Terceiro Milênio.