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Antes de pensar em poupar, é preciso ter as contas em ordem

Mas como deve ocorrer esse processo de poupança?

Autor: Viviam Klanfer NunesFonte: InfoMoney

Embora não seja hábito da maioria dos brasileiros poupar todos os meses, esses mesmos brasileiros entendem muito bem as vantagens dessa prática. Poupar permite que você adquira bens a um preço muito mais atrativo do que se fizesse um financiamento, por exemplo. Mas como deve ocorrer esse processo de poupança?

O grande problema  da poupança é que ela só pode ser feita quando o consumidor tem suas finanças em ordem. Isso quer dizer, basicamente, que ele tem de ter um planejamento financeiro  mensal bem detalhado, ou seja, saber exatamente quanto entra, quanto sai, quais são suas dívidas e onde tem de economizar. Também precisa saber quais os gastos que ele pode cortar e os que não pode.

Nem todas as famílias têm as contas bem detalhadas, e, o que é ainda pior, muitas delas normalmente vivem acima da sua realidade financeira, ou seja, do padrão de vida que seu salário permite. O crédito, oferecido por empréstimos e cheque especial, por exemplo, é o que permite chegar a esse tipo de situação.

Controlando os gastos para poupar
“Só quando você conhece sua realidade financeira é que você pode começar a poupar”, diz o consultor financeiro Ronaldo Gotlib. A lógica é simples: se a pessoa não tem controle sobre seus gastos, pensar em poupar não deve ser a primeira preocupação, mas, sim, colocar as finanças em ordem.

Após ter mapeado tudo que você tem para receber e todas as despesas com as quais terá de arcar, veja se, ao final do mês, você conseguiu ficar no azul. A partir do momento em que as contas fecham e você consegue ter um valor extra ao final do mês, é o momento de pensar em poupança e investimento. Muitos consumidores reclamam que nunca conseguem ter esse dinheiro extra, mas isso pode estar acontecendo simplesmente por não ter um planejamento, e o dinheiro que deveria sobrar está sendo gasto com coisas desnecessárias.

Esse trabalho de elaborar um planejamento ajuda a eliminar gastos desnecessários, conforme explicam os educadores financeiros.

Depois que você tem um orçamento claro e bem definido, a sugestão é que reserve, no mínimo, de 10% a 20% da sua renda. Caso sua realidade financeira permita uma reserva maior, melhor. De acordo com a professora de finanças do Insper, Angela Menezes, esse é o mínimo recomendado, pois não deve impactar de forma muito agressiva na renda do trabalhador.

É importante não estipular um percentual muito alto, pois é um valor que deve ser guardado todos os meses e por um longo prazo, sobretudo se seu objetivo é adquirir um bem de alto valor. Caso você decida poupar muito, sem ter condições, você pode acabar se frustrando, desistindo e acabando com o processo.

Poupar para quê?
Uma outra questão que surge é se as poupanças devem sempre ser atreladas a um objetivo, ou seja, à realização de um desejo, como a compra de um carro, de uma casa ou mesmo uma grande viagem. Tanto Angela quanto Gotlib acreditam que a poupança deve estar, sim, relacionada a uma meta. “A poupança só funciona quando temos um objetivo”, diz o especialista. É uma forma de se comprometer.

Vale destacar que o objetivo pode ser qualquer um, inclusive guardar dinheiro pelo puro interesse de ter uma reserva financeira para qualquer eventualidade. “As metas ajudam a poupar”, lembra Angela. Quando as finanças estão em ordem, a poupança deve passar a ser considerada no planejamento financeiro, ou seja, não se deve poupar o dinheiro que sobra ao final do mês, mas sim destinar uma parte específica da sua renda para isso. Já com o dinheiro que sobrar, depois que a parte da poupança foi retirada, você pode poupar mais ou gastar com outras coisas.

Outras observações sobre o processo de poupar são as seguintes: se, em determinado mês, você precisa pagar alguma dívida, prefira quitá-la a manter a reserva para poupança, pois encargos financeiros das dívidas normalmente são mais altos do que os rendimentos que você terá com a poupança. E poupança não é um dinheiro que deve ficar parado na conta, deve ser investido para que se obtenha rendimento.